terça-feira, 12 de junho de 2018

TOA


Navegando neste rio que me leva
De encontro a mim
A cada encontro
Como uma barqueira iniciante
Foi que em uma cidade de nome Periquito
Fui me enamorar com um periquitinho.

Naquele mês os astros me prometeram um amorzinho
Que chegaria para ficar
Sei lá até quando
E eu já ia me desiludindo
Quando, devagarinho, senti ele pousando

Em nosso refúgio lar
Entre a linha do trem e a BR
Entre gatos, árvores, cachorro e vasilhas pra lavar
Aprendemos juntos a pousar no galho da impermanência

Mas, por ironia de passarinho, a primeira aula
Foi pra me ensinar a nadar
Dentro de mim
inspirando e soltando...

A cada dia ele me traz um misto
de rotina e descoberta
E neste momento em que me encontro
Em meio ao rio de margens distantes
Me provando a cada correnteza
Que nem eu sou
Nem ele é
o mesmo
Sei que não encontrei nele um porto seguro
“futuro também não há”
mas ele é a toa do meu barquinho
E tua,
Largo o remo
e deixo o rio nos levar.