terça-feira, 15 de janeiro de 2019

PARA LUDIBRILHAR



Caí num mundo de pessoas oficialmente interessantes
Todo mundo era bom, e articulado, e viajado, e descolado
Parceria que todo mundo estava pronto, sabia quem era
E eram entendidos de tudo

Fui contar a estranheza a um amigo
Que me advertiu, amigo que era
Realmente se preocupar:
Eu era básica demais, sem brilho
 e parecia me contentar.

Depois do choque,
fui buscar por aulas de tudo enquanto há
Imagine você que até em aula de noções musicais
Eu fui me matricular
Claro que não durou muito
Não tinha eu alí
E um dia,
Depois de muito me chatear
Entendi
Que não sou mesmo poliglota
Sei no máximo o mineirês
Não tenho um hobby definido
Não sei jogar xadrez
Não toco nenhum instrumento
Nem acertar o ritmo eu aguento
Não almejo grandes títulos acadêmicos no momento
Não sei os passos de dança nem das músicas mais famosas
Nem ao menos sei prender a atenção ao contar uma anedota!

Depois de um mês num vazio que só
Resolvi aceitar quem eu não era
E experimentar ser só esse tiquinho que eu era mesmo
E que costumava bastar
Foi aí que as pessoas
Conseguiram se conectar
Aí houve troca, envolvimento
Como sempre aconteceu
E vez ou outra, vê se pode?
Meus desacertos encantam alguém.
O cotidiano pacato que faço poesia
A dança desengonçada que faço liberdade
Um jeito muito (im)próprio de cantar
Que substitui as anedotas que não sei contar

Pretendo aprender muito sobre muitas coisas ainda
Estes versos não vem pregar a beleza da estagnação
Mas não caio mais na furada
De me buscar em um padrão
Um currículo pronto de algum campeão.