A gente tem que deixar pra ser
triste
só quando não tiver mesmo jeito de não ser.
De resto
a gente tem mesmo é
que ser feliz.
Tem que sorrir toda vez que disser oi,
e tem que dizer oi pra
todo mundo que se vê todo dia na volta pra casa,
seja com sorriso ou um aceno tímido
de cabeça.
Tem que voltar pra casa pensando nas coisas boas que tem
e nas ruins
que não tem.
Tem que alegrar o dia de pessoas que tem dias mais difíceis
que o da
gente.
Tem que perceber o vento que sopra o rosto
e bagunça carinhosamente o
cabelo,
perceber o céu que hoje está tão bonito
e,
que sorte a minha,
de frente
à padaria às seis, hora do pão quentinho...
Mas é assim, a gente tem que dar
mais atenção
pras coisas que acontecem todos os dias,
pras pessoas “desconhecidas”
que se vê todos os dias, no mesmo lugar.
Aí,
já
está apaixonado
por um cotidiano pacato e rotineiro,
por saber que ele,
com
suas coisas e pessoas,
nos espera contente e leve, no mesmo horário,
só pra nos
sorrir de volta, quando a gente passar,
voltando pra casa.
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Desenho de Kelly Santos |