domingo, 10 de maio de 2015

OS OLHOS DA CARA

Nas mostras de arte
Teatros e carnavais
Na cidade turística
frente ao espanto ou à contemplação
Ninguém mais vê com os olhos da cara

É sempre pela tela da câmera que se vê o ao vivo e a cores
E se não há registro, é como se não tivesse vivido
E não pudesse contar com exatidão

E como não se contentam
com a pouca resolução
dos olhos da máquina
estão sempre comprando
pelos olhos da cara
aparelhos eletrônicos
que melhores imitam
os olhos da cara.

Perdem a sensação
Do instante belo e sensível
Quem não se entrega o bastante
Na pura admiração
Para que a máquina corpo
Com todos os seus sentidos
Registre cada momento
com maior perfeição
E grave em seus arquivos:
Cabeça e coração.
.

Desenho de Kelly Santos

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